Rabino Henry Sobel morre aos 75 anos
22 de Novembro de 2019
Henry Sobel, rabino emérito da Congregação Israelita Paulista, morreu em 22 de novembro de 2019, aos 75 anos, em Miami, nos Estados Unidos. Ele não resistiu a um câncer. O religioso se destacou por suas posições progressistas e defesa dos direitos humanos no Brasil.
O rabino nasceu em 1944, em Lisboa, Portugal, para onde seus pais tinham fugido devido à perseguição dos nazistas na Bélgica. Depois do fim da Segunda Guerra, a família se estabeleceu em Nova York nos Estados Unidos. Sobel ordenou-se rabino em 1970 e no mesmo ano veio para o Brasil para assumir a liderança da Congregação Israelita Paulista.
Sobel foi um corajoso defensor dos direitos humanos no Brasil durante a ditadura militar. Em 1975, na fase mais repressiva do regime, ele recusou-se a enterrar o jornalista Wladimir Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita, por rejeitar a versão oficial acerca das circunstâncias da morte do jornalista. De fato, Herzog havia sido torturado até a morte no Doi-Codi, nas dependências do quartel-general do II Exército. Junto a D. Paulo Evaristo Arns e ao reverendo James Wright, Sobel celebrou uma cerimônia ecumênica em homenagem a Herzog na Catedral da Sé. Foi uma das manifestações mais contundentes contra a ditadura estabelecida em 1964.
Enquanto liderou a Congregação Israelita Paulista, Sobel foi um notável porta-voz da comunidade judaica no Brasil e estabeleceu uma ponte entre as religiões cristãs e o judaísmo, participando de inúmeros cultos e eventos ecumênicos. Sua atuação levou-o a ser considerado uma das maiores lideranças religiosas do país.
Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil, via Wikimedia Commons