Marinheiros deflagram a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro
22 de Novembro de 1910
Uma revolta de Marinheiros nas tranquilas águas da Guanabara deixou o Brasil em estado de alerta. O movimento, que ficou conhecido como Revolta da Chibata, representou a rebelião de marinheiros de baixa patente contra o sistema violento da Marinha do Brasil. Entre as reivindicações dos rebelados estavam o fim dos castigos físicos contra os marinheiros, melhor alimentação e a colocação em prática da lei de ajustes de horários, aprovada pelo Congresso. A gota d´água para o movimento foi a punição de 250 chibatadas imposta do cabo Marcelino Rodrigues, condenado por ferir um marinheiro a bordo do Minas Gerais, embarcação que foi capturada pelos revoltados. No dia 22 de novembro de 1910, o grupo liderado pelo cabo João Cândido tomou o controle do navio, matou o comandante e mais três resistentes ao movimento, causando pânico geral na cidade do Rio de Janeiro. Como o levante havia sido planejado, outros navios aderiram ao movimento: o Bahia, o São Paulo e o Deodoro. Os marinheiros viraram os canhões dos navios em direção ao Rio de Janeiro e forçaram o presidente Hermes da Fonseca a negociar com os rebeldes. A revolta terminou no dia 26 de novembro, com o anúncio de uma trégua: foi prometido o fim dos castigos físicos e também a anistia dos rebeldes. Porém, depois que os marinheiros entregaram as armas, eles foram traídos pelo governante, que expulsou os revoltosos das Forças Armadas. A traição resultou em outro levante, em dezembro, na Ilha das Cobras. Contudo, esta última não teve grande apoio e os revoltosos foram massacrados. Dois anos depois, os marinheiros presos que sobreviveram às torturas foram absolvidos. Após as rebeliões, finalmente, o governo deu fim às punições físicas em alto mar e aprovou melhorias para os marinheiros. João Cândido, o líder da Revolta da Chibata, conseguiu anistia. Apesar de seu feito heroico, morreu anônimo e pobre, como carregador de peixes no Rio, em 1969. A conhecida música ?O Mestre-sala dos mares?, de João Bosco e Aldir Blanc, foi composta em homenagem a João Cândido.
Imagem: via Wikimedia Commons