Mohamed Morsi, ex-presidente do Egito, morre durante o próprio julgamento
17 de Junho de 2019
Mohamed Morsi, ex-presidente do Egito, morreu em 17 de junho de 2019, aos 67 anos. O político estava preso há seis anos, desde que foi derrubado por um golpe. De acordo com a TV estatal do país, ele morreu logo depois de sofrer um desmaio, após ter participado de uma sessão em um tribunal.
Ativista islâmico, Morsi foi o primeiro presidente eleito de forma democrática depois da queda de Hosni Mubarak, na sequência dos protestos da Primavera Árabe. No poder, demitiu várias altas patentes militares, a começar pelo seu líder Mohamed Hussein Tantawi, substituindo-os por militares da sua confiança. Suas medidas presidenciais foram consideradas como atos de afirmação do poder civil face ao poder militar.
No início de novembro de 2012, aconteceram as primeiras grandes manifestações anti-Morsi, que tinham como alvo o projeto de constituição que estava sendo elaborado por uma assembleia constituinte dominada por grupos islamitas. Frente aos protestos, Morsi publicou um decreto que concedia a si mesmo amplos poderes, o que intensificou os protestos. Para reduzir as tensões, após dias de grandes manifestações, Morsi concordou em reduzir seus poderes.
Semanas após a aprovação da nova constituição, tiveram início violentos confrontos entre opositores e apoiantes de Morsi, em cidades próximas ao Canal de Suez, que deixaram mais de 50 mortos. Na noite do dia 3 de julho de 2013, o exército suspendeu a constituição e anunciou a formação de um governo interino tecnocrata. Em resposta, Morsi denunciou o anúncio como um golpe, e foi levado pelo exército. O então general Abdel Fattah al-Sisi, que comandou o movimento, assumiu o poder no Egito.
Após sua queda, Morsi foi condenado a 45 anos de prisão. Ele foi considerado culpado de incitar violência contra manifestantes e de espionar a favor do Catar. Ele também havia sido condenado à pena de morte, mas teve a sentença anulada pela Justiça. A Irmandade Muçulmana, organização à qual o ex-presidente pertencia, foi declarada ilegal pelo governo egípcio.
Wilson Dias/ABr - Agência Brasil, via Wikimedia Commons