Milhares de textos sagrados judaicos são queimados em Paris
17 de Junho de 1242
Em 17 de junho de 1242 foram queimados em Paris milhares de manuscritos do Talmude, coletânea de livros sagrados dos judeus. A destruição foi resultado do episódio conhecido como A Disputa de Paris (ou o Julgamento do Talmude), que aconteceu dois anos antes. Na ocasião, o Talmude foi julgado como herético, após um processo controverso que envolveu a Igreja Católica, um judeu convertido ao cristianismo e o rei Luís IX.
Tudo começou quando Nicholas Donin, judeu convertido, traduziu o Talmude e prestou 35 queixas contra a obra ao papa Gregório IX. Donin citou uma série de passagens supostamente blasfemas sobre Jesus, Maria e o cristianismo. Ele afirmava que o Talmude afrontava a Bíblia e os profetas do Velho Testamento. Concluía que sendo o Talmude a razão pela qual os judeus se recusavam a aceitar o cristianismo, sua eliminação levaria, inevitavelmente, à sua conversão. Quatro rabinos defenderam a obra contra as acusações.
No julgamento, a acusação concluiu que o Talmude era uma obra herética, já que, por ser seguido pelos judeus, havia levado os mesmos a abandonarem a Bíblia e os ensinamentos dos profetas. Em vão, o Rabi Yehiel tentou rebater as acusações de Donin, alegando que eram puras invenções e distorções.
Dois anos depois, 24 carroças com milhares de manuscritos do Talmude foram queimadas pelos dominicanos, em Paris, diante dos olhares desesperados dos judeus da cidade. Estima-se que tenham sido destruídos ao menos 10 mil textos hebraicos. Em toda a Europa, as comunidades judaicas ficaram de luto. O evento teve consequências duradouras, além de ter desencadeado uma série de incidentes por toda a Europa e influenciado atos antissemitas nos séculos seguintes.
Imagem: Ladislav Faigl, via Wikimedia Commons