Morre João Nogueira, um dos maiores nomes da história do samba

Morre João Nogueira, um dos maiores nomes da história do samba
5 de Junho de 2000, Morre João Nogueira, um dos maiores nomes da história do samba

O músico João Nogueira morreu em 5 de junho de 2000, aos 58 anos de idade. O talentoso artista carioca faleceu devido a um infarto sofrido em sua casa, no Rio de Janeiro. Durante sua longa carreira, ele deixou um legado duradouro na cena do samba, destacando-se não apenas como intérprete, mas também como compositor e instrumentista.

Nascido no Rio de Janeiro em 1941, João Nogueira demonstrou talento e paixão pela música desde cedo. Filho do advogado e músico João Batista Nogueira e irmão da também compositora Gisa Nogueira, ainda criança tomou contato com o mundo musical. Em pouco tempo, aprendeu a tocar violão e a compor em parceria com a irmã.

Influenciado por grandes nomes do samba, como Cartola e Nelson Cavaquinho, ele começou sua carreira artística nos anos 60, tocando em casas noturnas e participando de rodas de samba. Sua voz única e seu estilo autêntico logo chamaram a atenção do público e de outros artistas. Ele despontou na cena artística nacional quando emplacou o sucesso "Das 200 Pra Lá" no início dos anos 70, samba que alcançou as primeiras posições das paradas na voz de Eliana Pittman.

Na década de 70, João Nogueira consolidou sua carreira com o lançamento de álbuns de sucesso, como Espelho (1977) e Clube do Samba (1979). Suas composições, que abordavam temas como amor, saudade, e a vida nas comunidades, conquistaram o coração dos ouvintes e se tornaram clássicos do gênero. Além disso, sua habilidade no cavaquinho também era admirada, acrescentando um toque especial às suas apresentações.

Em 1979, João fundou o Clube do Samba, com Alcione, Martinho da Vila e Beth Carvalho, entidade à qual dedicou o título de seu disco daquele ano, que trouxe novos sucessos, como "Súplica" e "Canto do Trabalhador". O clube, que no início funcionava em sua casa e depois passou por vários endereços, mais tarde lançou um bloco carnavalesco para desfilar na Avenida Rio Branco arrastando foliões saudosos dos velhos carnavais. Pelo seu palco passaram os grandes nomes do samba e compositores das escolas cariocas. Era frequente a programação reunir numa mesma noite gente do naipe de Ivone Lara, o próprio João Nogueira e Roberto Ribeiro.

Ao longo de sua trajetória, João Nogueira colaborou com vários artistas importantes, como Clara Nunes, Martinho da Vila e Elis Regina, entre outros. Essas parcerias enriqueceram sua música e ampliaram sua visibilidade, consolidando-o como uma referência no cenário musical brasileiro.

João Nogueira também foi um defensor incansável do samba, trabalhando para preservar suas tradições e valorizar seus mestres. Ele participou ativamente de escolas de samba, desfilando e compondo sambas-enredo para agremiações renomadas, como Portela e Tradição (da qual foi um dos fundadores). Sua partida prematura deixou um vazio na música brasileira, mas seu legado continua vivo até hoje. Suas composições são interpretadas por artistas de diferentes gerações e sua influência pode ser sentida em muitos músicos contemporâneos, como seu filho, Diogo Nogueira.