Manifestantes são massacrados em protesto contra o apartheid em Sharpeville, na África do Sul
21 de Março de 1960
No dia 21 de março de 1960, a polícia da África do Sul disparou contra o público que participava de uma manifestação contra o apartheid, em frente a uma delegacia na localidade de Sharpeville. De acordo com os números oficiais, 69 pessoas foram mortas, incluindo oito mulheres e dez crianças. Outras 180 ficaram feridas, entre elas 31 mulheres e 19 crianças. Muitas vítimas foram baleadas nas costas quando se viraram para fugir.Os manifestantes protestavam contra a Lei do Passe. Essa medida obrigava os negros do país a carregarem cadernetas que continham listas de lugares nos quais eles poderiam circular. Estima-se que entre cinco mil e dez mil pessoas tenham participado do protesto.Fontes divergem quanto ao comportamento da multidão. Alguns afirmam que os manifestantes eram pacíficos, enquanto outros dizem que algumas pessoas estavam atirando pedras contra a polícia e que o tiroteio teria começado quando o público começou a avançar em direção à cerca ao redor da delegacia.As autoridades tentaram justificar a violência afirmando que os policiais que participaram da ação eram jovens e inexperientes. Eles teriam entrado em pânico, abrindo fogo espontaneamente. Além disso, poucos dos soldados presentes teriam recebido treinamento apropriado para enfrentar situações envolvendo questões de ordem pública.A reação entre a população negra da África do Sul foi intensa. Na semana seguinte, houve manifestações, greves e rebeliões por todo o país. Em 30 de março de 1960, o governo declarou estado de emergência, prendendo mais de 18 mil pessoas, incluindo proeminentes ativistas anti-apartheid. Vários protestos por parte da comunidade internacional se seguiram ao massacre de Sharpeville, incluindo a condenação do ato pelas Nações Unidas.Em 1966, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 21 de março como o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial. Na ocasião, são lembradas as vidas que foram perdidas na luta pela democracia e pela igualdade de direitos humanos na África do Sul. Através desta data, a ONU reafirma seu propósito de combater e erradicar o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e todas as formas relacionadas de intolerância que acontecem em diferentes partes do mundo.
Imagem: Massacre de Sharpeville, por Godfrey Rubens; Consulado da África do Sul em Londres, via Wikimedia Commons