Morre o cineasta francês Jean-Luc Godard, pioneiro da Nouvelle Vague
13 de Setembro de 2022
O cineasta francês Jean-Luc Godard morreu em 13 de setembro de 2022, aos 91 anos. De acordo com um comunicado da família, a morte aconteceu em casa, de forma pacífica, enquanto ele estava cercado por entes queridos. Pioneiro do movimento conhecido como Nouvelle Vague, o diretor se tornou um dos nomes mais influentes da história do cinema mundial.
Filho de pais com ascendência franco-suíça, Godard nasceu em 3 de dezembro de 1930, em Paris. Quatro anos após o nascimento de Jean-Luc, seu pai levou a família para a Suíça. Durante a eclosão da Segunda Guerra Mundial, Godard já havia voltado para a França, mas retornou à Suíça, onde passou a maior parte da conflito.
Pouco frequentador de cinema, Godard atribuiu sua introdução à Sétima Arte à leitura do ensaio "Esboço de uma Psicologia do Cinema", de André Malraux. No início da década de 1950, ele começou a frequentar cineclubes em Paris. Nesses locais, ele conheceu outros entusiastas do cinema, incluindo os futuros diretores Jacques Rivette, Claude Chabrol e François Truffaut.
Sua incursão no cinema começou no campo da crítica. Junto com Maurice Schérer (que assinava sob o pseudônimo Éric Rohmer) e Jacques Rivette, ele fundou o jornal Gazette du Cinéma, que acabou após apenas cinco edições, em 1950. Quando André Bazin fundou a influente revista crítica Cahiers du Cinéma em 1951, Godard foi o primeiro dos críticos mais jovens de seu grupo a ser publicado.
Nos anos seguintes, Godard passou a se aventurar dirigindo filmes de curta-metragem. Em 1959, dirigiu seu primeiro longa-metragem, "Acossado", em que adotou inovações narrativas e filmou com a câmera na mão, rompendo as convenções da época. Esse filme foi um dos primeiros da Nouvelle Vague, movimento que se propunha renovar a cinematografia francesa e revalorizava a direção, reabilitando o chamado "filme de autor".
Os filmes seguintes confirmaram Godard como um dos mais inventivos diretores da Nouvelle Vague. Obras como “Viver a Vida” (1962), “O Desprezo” (1963), “Bande à Part” (1964), ”Alphaville” (1965), “O Demônio das 11 Horas” (1965) e “Week-end à Frances”a (1968) mexeram com a cabeça de cineastas e cinéfilos do mundo inteiro. O cinema de Godard nessa fase caracteriza-se pela mobilidade da câmera, pelos demorados planos-sequências, pela montagem descontínua, pela improvisação e pela tentativa de pincelar cada imagem com informações e valores contraditórios.
Godard é frequentemente considerado o cineasta francês mais radical das décadas de 1960 e 1970. Sua abordagem em técnicas cinematográficas, política e filosofias fez dele o diretor mais influente da Nouvelle vague. Além de mostrar o conhecimento da história do cinema através de homenagens e referências, vários de seus filmes expressaram suas opiniões políticas; ele era um ávido leitor da filosofia existencial e marxista. Seu trabalho posterior é considerado menos radical, apostando na representação e conflito humano de uma perspectiva humanista. Sua carreira extensa se encerrou em 2018, quando dirigiu seu último filme, “Imagem e Palavra”.