Estreia na Alemanha a exposição antissemita "O Judeu Eterno"
8 de Novembro de 1937
Em 8 de novembro de 1937, estreou em Munique, na Alemanha, uma mostra de "arte degenerada" intitulada "O Judeu Eterno". Promovido pelos nazistas, o evento tinha o objetivo de menosprezar as obras exibidas, fazendo com elas fossem alvo de escárnio e reprovação. Foi a maior exposição antissemita pré-guerra promovida no país.
As obras de arte exibidas nessas exposições geralmente consistiam em trabalhos de autoria de artistas de vanguarda, especialmente expressionistas, como Max Beckmann, Ernst Kirchner e Emil Nolde, que haviam sido celebrados na década de 1920 ("arte degenerada" foi um termo adotado pelo Partido Nazista para descrever a arte moderna). A exposição também mostrava caricaturas e fotografias apontando as "características tipicamente judaicas" de figuras públicas como Leon Trotsky e Charlie Chaplin. Os nazistas acusavam os judeus de estarem “bolchevizando” a Alemanha.
O cartaz da exposição apresentava uma imagem preconceituosa de um judeu oriental segurando moedas de ouro em uma mão e um chicote na outra. A exposição atraiu 412.300 visitantes, mais de 5 mil por dia. O conceito do "judeu eterno" ou "judeu errante" é muito mais antigo que o nazismo. Ele tem origem em uma lenda literária e popular sobre um judeu que zombou ou maltratou Jesus enquanto estava a caminho da cruz e, por isso, foi condenado a vagar pela Terra até o Dia do Julgamento.
Depois de Munique, a exposição foi para Viena em 2 de agosto de 1938 e para Berlim em 12 de novembro do mesmo ano. Boletins de ocorrência da polícia apontam que houve um aumento de incidentes antissemitas e, em alguns casos, violência contra a comunidade judaica nas cidades que receberam a mostra.
Imagens: German Federal Archives, via Wikimedia Commons