Morre o escritor, aventureiro e amante Casanova
No dia 4 de junho de 1798 morria, na Boêmia, na República Checa, Giacomo Casanova, famoso escritor, aventureiro e amante. Devido ao notório estilo de vida, seu nome se tornou sinônimo de sedução e devassidão sexual. Apesar disso, ele passou os últimos anos de vida de modo discreto, quando saiu de cena para se tornar um bibliotecário.
Nascido no dia 2 abril de 1725, em Veneza, na Itália, Casanova vinha de uma família de atores. Ele foi criado pela avó, enquanto a mãe estava em turnê pela Europa. Aos 9 anos, ele foi enviado para um internato, onde mostrou uma aptidão natural para os estudos. Lá, ele teria se interessado pelo sexo oposto pela primeira vez. Aos 11 anos, ganhou carícias de Bettina, irmã mais nova do Abade Gozzi, seu tutor. "Foi ela que, aos poucos, acendeu em meu coração as primeiras faíscas de um sentimento que mais tarde se tornou minha principal paixão", revelou.
Aos 12 anos, Cassanova entrou na Universidade de Pádua, onde estudou direito. Pouco depois de deixar Pádua, no fim da adolescência, ele teve sua primeira aventura sexual de verdade. Segundo ele, essa experiência (que teria envolvido as irmãs Nanetta e Marton Savorgnan, de 14 e 16 anos, respectivamente) moldou sua vocação à libertinagem.
Ele se tornou conhecido por sua sagacidade, inteligência e charme na atmosfera liberal de Veneza. Se relacionou com mulheres nobres e plebeias, jovens e maduras, loiras e morenas, bonitas e feias. Casanova atribuía suas conquista amorosas ao modo como tratava as mulheres: com atenção, delicadeza e pequenos gestos.
Casanova estava constantemente envolvido em confusões devido à jogatina, problemas financeiros e ao seu apetite sexual. Forçado a fugir de várias cidades europeias, acabou preso ao voltar para Veneza em 1753. Por seus “ultrajes públicos”, Casanova foi condenado a cinco anos de prisão na aparentemente inescapável prisão de Piombi. No entanto, conseguiu se libertar com a ajuda de um colega e fugiu para Paris, onde chegou em 1757.
Enquanto fugia das autoridades, Casanova viajou por toda a França, Suíça, Alemanha e Inglaterra, conhecendo figuras notáveis como Mozart, Voltaire e o papa Clemente XIII. Quando finalmente retornou a Veneza em 1774, após 17 anos de exílio, Casanova estava fisicamente cansado de suas viagens. Sua cidade natal, que havia servido de cenário para muitas de suas famosas festas, já não lhe atraía.
Deixando Veneza mais uma vez, Casanova assumiu o cargo de bibliotecário no castelo de um rico conde na Boêmia, na República Tcheca. O silêncio e o isolamento de sua função foram propícios para que ele tivesse tempo para escrever suas memórias, intituladas Histoire de Ma Vie (História de Minha Vida). Embora esses relatos atualmente sejam considerados exagerados e pouco confiáveis, as memórias de Casanova são consideradas um documento importante dos costumes da sociedade européia do século XVIII.
Imagem: Anton Raphael Mengs [Domínio público], Wikimedia Commons