Morre o polêmico jornalista e escritor Paulo Francis
No dia 4 de fevereiro de 1997 morria, em Nova York, o jornalista, crítico e escritor Paulo Francis. Ele foi vítima de um ataque cardíaco que, inicialmente, foi diagnosticado como uma simples bursite. Nos últimos anos de sua vida, Paulo Francis enfrentou um duro processo judicial nos Estados Unidos movido contra ele pela Petrobras. O motivo do imbróglio foi um comentário do jornalista no programa de TV a cabo Manhattan Connection. Na ocasião, Francis acusou diretores da estatal de possuírem milhões de dólares em contas na Suíça. Conhecido por suas polêmicas e seus comentários ácidos, Paulo Francis nasceu no dia 2 de setembro de 1930, no Rio de Janeiro. Seu nome de registro é Franz Paul Trannin da Matta Heilborn. Ele começou a ficar conhecido na imprensa por conta das suas críticas teatrais no Diário Carioca, entre 1957 e 1963. Entre suas polêmicas da época, ele disse que a atriz Tônia Carrero teria se prostituído e comercializado fotos dela nua. Por conta disso, Francis foi agredido pelo então marido da atriz, Adolfo Celi, e pelo colega e ator Paulo Autran. A partir de 1963, Francis foi convidado por Samuel Wainer para escrever uma coluna política no jornal Última Hora. Ali, assumiu uma posição radical junto ao esquerdismo trabalhista de Leonel Brizola e acabou demitido. Porém, Francis agradava a burguesia carioca e, estranhamente, foi recontratado. Durante o regime militar, trabalhou no semanário O Pasquim e na Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes. Por conta disso, foi preso várias vezes e sofreu censura por suas posições esquerdistas. Assim, decidiu se mudar para Nova York em 1971. Nos Estados Unidos, trabalhou para O Pasquim, Tribuna da Imprensa, revista Status e para o jornal Folha de S. Paulo, a partir de 1976. Francis também é conhecido por alguns erros de informação. Um dos seus maiores equívocos foi cometido numa crítica sobre o filme norte-americano Tora! Tora! Tora! No texto, afirmava que o Almirante Yamamoto havia comparecido à première do filme, em 1971, sendo que o militar japonês morreu durante combate, em 1943. No fim da década de 1970, Francis tentou a carreira como romancista, com os livros Cabeça de Papel (1977) e Cabeça de Negro (1979), nos quais criticava a sociedade brasileira. Os livros foram bem aceitos pelo público, mas atacados pela crítica especializada. Após o fim do regime militar, Francis, até então partidário do esquerdismo, revelou-se descontente com a inércia dos intelectuais brasileiros para, finalmente, se reconciliar com a direita que tanto havia combatido. Na sequência, fez dura crítica ao governo José Sarney e também rejeitava o Partido dos Trabalhadores. Em um dos seus artigos na Folha de São Paulo criticou Lula. O texto teve grande repercussão e houve uma resposta de Caio Túlio Costa, então ombudsman da Folha de São Paulo. A tréplica de Francis gerou uma polêmica e isto foi apontado como motivo da sua mudança para o jornal Estado de São Paulo. A partir de 1980, Francis tornou-se comentarista da Rede Globo. O estilo com voz arrastada e grave, sua marca registrada, lhe rendeu muitas imitações. Os seus comentários, contudo, seguiam ácidos, com ataques a figuras em evidência, como o sindicalista da CUT Vicentinho, as prefeitas de São Paulo Luiza Erundina e Marta Suplicy. Paulo Francis era casado com a jornalista e escritora Sonia Nolasco e eles não tiveram filhos.
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