Morre Domitila de Castro, a Marquesa de Santos
3 de Novembro de 1867
A Marquesa de Santos, cujo nome de batismo era Domitila de Castro Canto e Melo, morreu em 3 de novembro de 1867, aos 69 anos, em São Paulo. Ela foi uma das figuras mais notáveis da história do Brasil do século XIX, se notabilizando como amante do imperador D. Pedro I. Sua vida foi marcada por uma trajetória que incluiu violência, amor, poder e controvérsias.
Nascida em 1797, Domitila era filha de uma família abastada de São Paulo. Em 1813, aos quinze anos de idade, ela se casou com um oficial do segundo esquadrão do Corpo dos Dragões da cidade de Vila Rica, o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça (1790–1833). Após o casamento em São Paulo, Domitila e Felício partiram para Vila Rica. Ele é citado por diversos historiadores como um homem violento, que a espancava e violentava.
Devido aos maus tratos do marido, Domitila conseguiu junto à família em São Paulo autorização para retornar para a casa paterna com os seus três filhos no final de 1816. Mais tarde, Felício foi transferido de seu posto no exército de Vila Rica para Santos e se estabeleceu em São Paulo, tentando se reconciliar com a esposa e em 1818 voltaram a viver juntos. Entretanto, não demorou para que Felício retornasse com seus velhos hábitos de espancamento e ameaças de morte à esposa.
Na manhã de 6 de março de 1819, Felício surpreendeu Domitila junto à fonte de Santa Luiza e a esfaqueou duas vezes, na coxa e na barriga. Felício foi preso e levado para Santos, junto ao seu quartel, de onde partiu para o Rio de Janeiro. Domitila ficou dois meses entre a vida e a morte.
Ao se restabelecer teve que brigar judicialmente com o pai de Felício, que queria tomar os filhos do casal para educá-los na Capitania de Minas Gerais. Domitila pediu a separação de Felício mas só a obteve cinco anos depois.
Em 1822, a vida de Domitila tomou um rumo inesperado quando conheceu Dom Pedro de Alcântara em São Paulo, dias antes da proclamação da Independência do Brasil. O relacionamento entre eles floresceu rapidamente e logo se tornaram amantes. No ano seguinte, já imperador, ela a instalou em sua primeira residência no Rio de Janeiro, na rua Barão de Ubá, hoje bairro do Estácio. Em 1826, D. Pedro deu de presente para ela a "Casa Amarela", uma mansão perto da Quinta da Boa Vista.
Domitila foi sendo "promovida" pelo amante aos poucos. Em 4 de abril de 1825 foi nomeada dama camarista da imperatriz d. Leopoldina, em 12 de outubro do mesmo ano foi feita Viscondessa de Santos com grandeza e, em 12 de outubro de 1826, teve o título elevado a Marquesa de Santos. Domitila teve cinco filhos com Dom Pedro I, que foram reconhecidos por ele, sendo que dois morreram ainda na infância. No entanto, o relacionamento deles não durou para sempre. Após a morte de Maria Leopoldina, Dom Pedro I casou-se com Amélia de Leuchtenberg em 1829, o que levou a uma separação definitiva entre ele e a Marquesa
Em 1833, Domitila se uniu ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (1794–1857), casando-se oficialmente na cidade de Sorocaba em 14 de junho de 1842. O relacionamento entre Tobias e Domitila foi o mais longo da Marquesa, durando 24 anos (ele morreu em 1857). O casal teve seis filhos, sendo que quatro conseguiram chegar à idade adulta.
Após ter ficado viúva, a Marquesa de Santos tornou-se devota e caridosa, procurando socorrer os desamparados, protegendo os miseráveis e famintos, cuidando de doentes e de estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, no centro da cidade de São Paulo. Ela morreu de enterocolite (quadro inflamatório do trato digestivo) no seu palacete em 1867.