Hattie McDaniel se torna a primeira atriz afrodescendente a ganhar o Oscar
29 de Fevereiro de 1940
Em 29 de fevereiro de 1940, o filme …E o Vento Levou foi premiado com oito Oscars pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Um épico romance sulista no meio da Guerra Civil, a obra conquistou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Edição e Melhor Atriz. No entanto, o prêmio mais comemorado foi, sem dúvida, o de Melhor Atriz Coadjuvante para Hattie McDaniel, pela sua interpretação de Mammy, uma empregada e ex-escrava. McDaniel foi a pioneira entre atores e atrizes afrodescendentes a receber um Oscar.
Nascida em Wichita, Kansas, em 1895, McDaniel demonstrou seus talentos como cantora e atriz enquanto crescia em Denver, no Colorado. Ela abandonou a escola na adolescência para atuar em vários grupos itinerantes, e, em 1924, se tornou uma das primeiras afrodescendentes a cantar no rádio nos Estados Unidos. Com o início da Grande Depressão, ela foi forçada a trabalhar como assistente em um banheiro feminino de um clube em Milwaukee. O clube, que contratava apenas artistas brancos, abriu uma exceção e a deixou cantar, atividade na qual ela permaneceu por um ano antes de focar em Hollywood.
Em Los Angeles, ela atuou com um pequeno papel em um programa de rádio local chamado The Optimistic Do-Nuts e pouco tempo depois se tornou a principal atração. Em 1932, ela estreou nas telas grandes como uma empregada sulista em Destino Rubro. Nessa época nos Estados Unidos, atores e atrizes afrodescendentes limitavam-se geralmente a fazer papéis de empregados, e McDaniel aparentemente abraçou esse estereótipo, interpretando faxineiras ou cozinheiras em aproximadamente 40 filmes na década de 30. Respondendo a críticas de grupos como a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) de que ela estava perpetuando estereótipos, McDaniel afirmou que preferia interpretar uma empregada nas telas a ser uma na vida real. Além disso, ela geralmente subvertia esse estereótipo adicionando sagacidade e independência a seus papéis, o que às vezes deixava o público branco desconfortável.
Seu papel mais conhecido foi Mammy em ...E o Vento Levou. Dirigido por Victor Fleming e baseado no romance homônimo best-seller de Margaret Mitchell, o filme leva a marca de maior bilheteria de todos os tempos, considerando a inflação. Apesar de ter sido agraciada com o Oscar, afrodescendentes liberais criticaram McDaniel por ter aceitado um papel no qual sua personagem, uma ex-escrava, falava com nostalgia sobre os velhos tempos de segregação racial do Sul dos EUA.
Sua carreira nos filmes começou a declinar no final da década de 40 e, em 1947, ela retornou ao rádio como a estrela do programa nacional The Beulah Show. No programa, ela novamente interpretava uma empregada sulista, mas de uma maneira marcantemente não estereotipada, tanto que foi elogiada pela NAACP. Em 1951, enquanto filmava o primeiro episódio da versão televisiva do programa, ela teve um ataque do coração. McDaniel se recuperou e conseguiu fazer mais alguns programas de rádio, mas em 1952 morreu de câncer de mama, aos 57 anos.
Imagem: History Channel/Reprodução