Tratado do Rio de Janeiro estabelece a independência do Uruguai
Em 27 de agosto de 1828, o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata assinaram o Tratado do Rio de Janeiro. O documento estabeleceu a independência da República Oriental do Uruguai. No dia seguinte, com a assinatura do Tratado de Montevidéu, chegava oficialmente ao fim a Guerra da Cisplatina, iniciada três anos antes.
O conflito foi travado entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata (recém-independentes de seus colonizadores, Portugal e Espanha) pela posse da Província Cisplatina, a região da atual República Oriental do Uruguai. Localizada na entrada do estuário do Rio da Prata, a província era uma área estratégica, já que quem a controlava tinha grande domínio sobre a navegação em todo o rio da Prata, além de acesso aos rios Paraná e Paraguai.
A região já era disputada pelas coroas de Portugal e da Espanha desde a fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento (1680), sendo alvo de diversos tratados territoriais. Em 1816, o território (conhecido como Província Oriental) foi invadido pelo Brasil, por ordens do rei Dom João VI. Cinco anos depois, foi incorporado oficialmente ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, recebendo o nome de Província Cisplatina.
A província aceitou fazer parte do Império do Brasil, inclusive enviando deputados para a Constituinte de 1823. Contudo, a anexação não era unanimidade entre os habitantes do território. O sentimento de revolta cresceu e um grupo de trinta e três nativos da província, liderados por Juan Antonio Lavalleja, revoltou-se contra o Brasil. Os rebeldes (chamados de Trinta e Três Orientais) tinham apoio militar e financeiro das Províncias Unidas do Rio da Prata (futura Argentina), que aprovaram a reintegração da Província Oriental ao seu território. O atentado contra a soberania brasileira por parte de uma nação estrangeira foi revidado por uma declaração formal de guerra em 10 de dezembro de 1825.
Apesar de possuir um exército com mais de 26 mil homens, o Brasil foi incapaz de derrotar as forças rebeldes da Cisplatina e as tropas das Províncias Unidas em batalhas terrestres. Porém, a marinha do Império do Brasil obteve a supremacia naval confirmada na Batalha de Monte Santiago, que levou a bloqueios navais dos portos de Montevidéu e Buenos Aires, sufocando a economia e levando ao desabastecimento. O empate militar levou os dois países a aceitarem uma mediação de um acordo de paz proposto pela Grã-Bretanha. Com a assinatura dos tratados do Rio de Janeiro e Montevidéu, a Argentina e Brasil concordaram em desmilitarizar a área e reconhecer a independência proclamada pelos nacionalistas uruguaios.
Imagem: Juan Manuel Blanc (1917–1983), via Wikimedia Commons