Operação policial no Complexo do Alemão termina com 19 mortos

27 de Junho de 2007

Operação policial no Complexo do Alemão termina com 19 mortos
27 de Junho de 2007, Operação policial no Complexo do Alemão termina com 19 mortos

Em 27 de junho de 2007, uma grande operação policial reuniu 1.350 policiais, entre civis, militares e soldados da Força Nacional no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Foi a maior operação realizada no local desde que a polícia ocupou as favelas, no dia 2 de maio de 2007. A ocupação foi motivada após a suspeita de que criminosos do Alemão teriam sido responsáveis pelo assassinato de dois policiais em Oswaldo Cruz, na Zona Norte da cidade.

Até o final dos XV Jogos Pan-Americanos, um grande cerco foi formado pela polícia na região - para garantir a segurança do evento, bem como a viabilização de obras sociais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dezenove pessoas foram mortas e várias outras ficaram feridas durante a operação. Treze dos corpos foram recolhidos pela própria polícia, e outros seis foram deixados à noite numa van em frente à delegacia local, na Penha. Entre os feridos, sete foram vítimas de balas perdidas, além de um policial e cinco traficantes atingidos.

De acordo com uma nota publicada pela Ordem dos Advogados do Brasil, ao menos onze das pessoas mortas não tinham relação alguma com o tráfico. Um relatório publicado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) revelou que houve execuções durante a operação. O Departamento de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, respondeu ao relatório do governo federal dizendo que foi feito às pressas por pessoas interessadas em deturpar a causa justa dos direitos humanos. Philip Alston, relator especial das Organização das Nações Unidas especializado em Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais questionou a eficácia da operação policial em um relatório.

Algum tempo após a operação, a violência voltou a reinar no local. O teleférico, que custou R$ 253 milhões, chegou a ser interditado em 2017. Além disso, fecharam as portas uma biblioteca, uma clínica da família, uma agência dos Correios, um espaço para formação de jovens e várias agências bancárias. Os conflitos também afastaram diversos empreendimentos da região. Cerca de 160 mil pessoas vivem nas favelas que compõem o Complexo do Alemão. A região concentra 40% dos crimes da cidade e boa parte do tráfico. Traficantes afugentaram dali quase toda a atividade produtiva. No passado, a região já foi o maior polo industrial do Rio.

Imagem: Agência Brasil, via Wikimedia Commons