Marlon Brando recusa Oscar de Melhor Ator por O Poderoso Chefão
27 de Março de 1973
Considerado um dos melhores atores de sua geração, Marlon Brando recusou o Oscar de Melhor Ator por seu memorável papel como Don Vito Corleone, no clássico “O Poderoso Chefão”. A recusa ao prêmio no dia 27 de março de 1973 foi um protesto do ator pela forma como Hollywood retratava os povos nativos da América.
A atriz de origem indígena Sacheen Littlefeather assistiu à cerimônia no lugar de Brando e se dirigiu ao palco quando o nome do ator foi revelado o ganhador da estatueta de Melhor Ator. Littlefeather disse que Brando não aceitava o prêmio com “muito pesar”. Em seguida, a atriz leu uma longa declaração que Brando escrevera, que também foi publicada na imprensa, incluindo o jornal “The New York Times”. "A comunidade cinematográfica tem sido tão responsável quanto outra qualquer", escreveu Brando, "por degradar o índio e ridicularizar seu caráter, descrevendo-o como selvagem, hostil e do mal".
O ator já havia anunciado que iria boicotar a cerimônia e que Littlefeather apareceria em seu lugar. Marlon Brando sempre esteve envolvido em causas sociais. Ele defendeu publicamente o apoio à formação de um Estado judeu na década de 1940, bem como os direitos civis afro-americanos e os Panteras Negras. Sua declaração no Oscar expressou seu apoio ao Movimento Indígena Americano (da sigla em inglês AIM) e referenciou a situação atual de Wounded Knee, a cidade de Dakota do Sul que havia sido tomada por membros da AIM no mês anterior e estava sob cerco de forças militares dos EUA. Wounded Knee também tinha sido o local de um massacre de nativos americanos por forças do governo dos EUA em 1890.
Brando já havia conquistado um Oscar por "Sindicato de Ladrões"(1954). Além de ser conhecido por seu ativismo e por seu grande talento, ele também era famoso por seu temperamento difícil e complicado, o que demandava muito nos bastidores das produções. Sua carreira entrou em declínio na década de 60, até que o então jovem diretor de "O Poderoso Chefão", Francis Ford Coppola, decidiu brigar para contar com o ator no elenco do filme. Para ser aceito como Vito Corleone, Marlon Brando passou por testes e precisou baixar seu preço em US$ 250 mil em relação ao que ele pediria uma década antes. Em uma memorável atuação, Brando rejuvenesceu a sua carreira e "O Poderoso Chefão" tornou-se um clássico quase que imediatamente.
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