Morre Wilson das Neves, um dos músicos mais respeitados do Brasil
26 de Agosto de 2017
Wilson das Neves, um dos músicos mais respeitados do Brasil, morreu em 26 de agosto de 2017, aos 81 anos de idade, após lutar contra um câncer. Durante uma carreira que abrangeu mais de seis décadas, ele ficou conhecido por sua versatilidade como baterista, cantor e compositor. Em sua longa trajetória, o artista colaborou com alguns dos maiores nomes da música brasileira.
Nascido em 14 de junho de 1936, no Rio de Janeiro, Wilson das Neves cresceu em um ambiente musical, começando a tocar bateria ainda jovem. Seu talento natural logo chamou a atenção, e ele se tornou um dos bateristas mais requisitados da cena musical carioca. Entre 1957 e 1968, acompanhou a pianista Carolina Cardoso de Menezes, foi membro do Conjunto de Ubirajara Silva, estreou como músico de estúdio na Copacabana Discos
Em 1965, Wilson participou da gravação do clássico disco Coisas do maestro e compositor Moacir Santos, tocando bateria em todas as faixas do álbum. Além disso, gravou com Elza Soares, o disco Elza Soares, Baterista: Wilson das Neves. No mesmo ano, montou seu próprio conjunto e lançou o disco Juventude 2000. Em 1969, gravou seu segundo disco, Som Quente É o das Neves e, no ano seguinte, o LP Samba Tropi - Até aí morreu Neves.
Ao longo de sua carreira, Wilson das Neves tocou com uma impressionante lista de artistas, incluindo Chico Buarque, Elis Regina, Wilson Simonal, Elizeth Cardoso, Roberto Carlos, Tom Jobim, Carlos Lyra, Ney Matogrosso, João Bosco, Maria Bethânia, Gal Costa, Emílio Santiago, Nelson Gonçalves, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Alcione. Ele participou de gravações emblemáticas que ajudaram a definir a MPB, sendo frequentemente associado ao samba, jazz e bossa nova.
Em 1975, participou da gravação dos discos Lugar Comum, do músico João Donato, e Meu Primeiro Amor, da cantora Nara Leão. No ano seguinte, tocou timbales no clássico África Brasil, de Jorge Ben. Figura presente no samba, o baterista também tocou ao lado de grandes nomes do gênero como João Nogueira, Beth Carvalho, Cartola, Nelson Cavaquinho, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila e muitos outros. Foi ritmista na escola de samba Império Serrano, onde tocava tamborim.
Em 1996, lançou seu primeiro álbum como cantor, O Som Sagrado de Wilson das Neves, que foi bem recebido pela crítica e pelo público. Sua voz grave e marcante, combinada com sua habilidade única na bateria, deu uma nova dimensão à sua carreira. Ele também lançou os álbuns Brasão de Orfeu (2004), Pra Gente Fazer Mais Um Samba (2010), e Se Me Chamar, Ô Sorte (2013).
Mesmo em seus últimos anos, Wilson das Neves permaneceu ativo na cena musical, continuando a gravar, se apresentar e inspirar novas gerações de músicos. Desde 2003 foi membro da Orquestra Imperial, sendo o cantor e compositor parceiro dos jovens integrantes do grupo. Sua influência continua a ser sentida e celebrada na música brasileira.