Hitler publica o manifesto Mein Kampf
18 de Julho de 1925
Em 18 de julho de 1925, sete meses depois de ter sido libertado da prisão de Landsberg, o líder nazista Adolf Hitler publicava o primeiro volume de seu manifesto pessoal, Mein Kampf ("Minha Luta"). Elaborado por Hitler durante a sua estadia de nove meses na prisão, o livro é uma narrativa amarga e recheada de desabafos antissemitas, desprezo pela moralidade, culto ao poder e planos nazistas de dominação do mundo.
A obra autobiográfica logo se tornou a bíblia do Partido Nazista da Alemanha. A partir do início da década de 1920, o partido começou a arregimentar uma legião de alemães ressentidos, que eram contrários ao governo da época, à política de esquerda e semeavam ódio a outros povos, como os judeus. No livro, Hitler basicamente estabeleceu sua agenda política 14 anos antes do início da Segunda Guerra Mundial.
Em novembro de 1923, depois que o governo alemão retomou o pagamento das reparações da Primeira Guerra à Grã-Bretanha e França, os nazistas lançaram a "Beer Hall Putsch" - primeira tentativa de tomar o governo alemão pela força. Hitler esperava que sua revolução nacionalista na Baviera se espalhasse pelo exército alemão insatisfeito que, por sua vez, iria derrubar o governo em Berlim. No entanto, a revolta foi imediatamente reprimida, e Hitler foi preso e condenado a cinco anos de prisão por alta traição. Apesar do encarceramento, Hitler desfrutava de regalias na prisão de Landsberg, recebendo convidados e presentes. Ele passava o tempo ditando sua autobiografia para seu colaborador Rudolph Hess e trabalhando em suas habilidades de oratória. Depois de nove meses de prisão, seus partidários do Partido Nazista fizeram pressão e conseguiram a sua libertação.
Na primeira parte de Mein Kampf, em mais de 400 páginas, Hitler critica o que considera ser os principais problemas que afetam a Alemanha - os franceses, que desejavam desmembrar a Alemanha; a falta de lebesraum (“espaço vital”) e a necessidade de expansão para a Rússia, ao leste. Além disso, ele ataca "a influência sinistra das raças mestiças", especialmente dos judeus, que deveriam ser "eliminados por meio de um processo sangrento". Para Hitler, o estado não era uma entidade econômica, mas racial. Ele defendia que a pureza étnica dos arianos era uma necessidade absoluta para uma Alemanha revitalizada.
Em Mein Kampf, Hitler também mostrava seu desprezo pelos comunistas e marxistas russos. "Se, com a ajuda de seu credo marxista, os judeus forem vitoriosos sobre os outros povos do mundo, sua conquista será a coroa fúnebre da humanidade, e este planeta, como aconteceu há milhares de anos, se moverá através do éter desprovido de homens". Em resumo, no primeiro volume da obra, Hitler defendia guerras contra a França e Rússia, a eliminação de raças "impuras" e ditadura absoluta.
O volume dois de Mein Kampf, com foco no nazismo, foi publicado em 1927. As vendas da obra completa foram baixas ao longo da década de 1920. Somente em 1933, primeiro ano do mandato de Hitler como chanceler da Alemanha, as vendas subiram para mais de 1 milhão de exemplares. Sua popularidade chegou ao ponto em que se tornou uma tradição dar uma cópia do livro a casais recém-casados.
Durante os próximos anos, Hitler e outros líderes nazistas reorganizaram o partido como um movimento de massa fanática que obteve maioria no parlamento alemão - o Reichstag. Por meios legais, em 1932, no mesmo ano, o presidente Paul von Hindenburg derrotou Hitler em uma candidatura presidencial. Em janeiro de 1933, von Hindenburg nomeou Hitler chanceler na esperança de que o poderoso líder nazista pudesse ficar à sua sombra, como um membro do gabinete do presidente.
No entanto, Hindenburg subestimou a audácia política de Hitler, e um dos primeiros atos do novo chanceler foi usar o episódio do incêndio do edifício do Reichstag como pretexto para convocar eleições gerais. A polícia nazista de Hermann Goering reprimiu boa parte da oposição ao partido antes da eleição, e os nazistas conquistaram a maioria. Pouco depois, Hitler assumiu o poder absoluto através dos atos políticos. Em 1934, Hindenburg morreu, e os últimos remanescentes do governo democrático da Alemanha saíram do caminho, deixando Hitler livre para conduzir a nação para uma nova guerra e suas terríveis consequências.
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