Condenado por heresia, Giordano Bruno é queimado na fogueira
Giordano Bruno foi executado na fogueira por heresia no dia 17 de fevereiro de 1600, em Roma. O teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano havia sido condenado pelo tribunal da Inquisição Romana. Seu julgamento durou oito anos. Ele foi acusado de negar várias doutrinas católicas, incluindo a danação eterna, a Santíssima Trindade, a divindade de Cristo, a virgindade de Maria e a transubstanciação.
O panteísmo de Bruno também era motivo de grande preocupação para o clero. Para ele, Deus e o universo eram uma coisa só, sendo Deus, um ser infinito e que teria criado a Terra e o universo igualmente infinitos. Seu ensino sobre a transmigração da alma era igualmente herético para a Igreja. O conceito diz que uma mesma alma, depois de um período no império dos mortos, volta a animar outros corpos, até que transcorra o tempo de sua purificação e possa retornar à fonte da vida.
Um dos pontos principais de sua cosmologia era a tese do universo infinito e povoado por uma infinidade de estrelas, como o Sol, e por outros planetas, nos quais, assim como na Terra, existiria vida inteligente. As suas ideias sobre a relatividade teriam antecipado as de Galileu Galilei.
Bruno filiou-se ao hermetismo, estudo baseado em escrituras egípcias. Entre outras referências, esse movimento utilizava os ensinamentos atribuídos ao deus egípcio Thoth, cujo equivalente grego era Hermes, conhecido pelos seguidores como Hermes Trismegisto.
No último interrogatório pela Inquisição do Santo Ofício, ele não abjurou. Em 8 de fevereiro de 1600, foi condenado à morte na fogueira. Obrigado a ouvir a sentença ajoelhado, Giordano Bruno teria respondido com um desafio: Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam ("Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la"). Nove dias depois, ele foi queimado na fogueira do Campo de Fiori.
No ano 2000, o cardeal Angelo Sodano, secretário de Estado do Vaticano, disse que a Igreja "lamenta" que tenha recorrido à violência no caso de Bruno, mas ressaltou que seus escritos eram "incompatíveis" com o pensamento cristão e que, portanto, ele ainda é considerado um herege.
Imagem: "O julgamento de Giordano Bruno pela Inquisição Romana", relevo de bronze de Ettore Ferrari (1845-1929)/Jastrow, via Wikimedia Commons