Lançado O Capital, obra-prima de Karl Marx

14 de Setembro de 1867

Lançado O Capital, obra-prima de Karl Marx
14 de Setembro de 1867, Lançado O Capital, obra-prima de Karl Marx

No dia 14 de setembro de 1867, era publicada a obra-prima de Karl Marx, "O Capital: Crítica de Economia Política", uma obra que serviria de conceito e base teórica para grandes revoluções no mundo, criação de regimes de governo, além de uma crítica ao sistema capitalista. Além de "O Capital", "Manifesto Comunista" também é considerado uma das grandes obras do pensador, filósofo e teórico alemão.

Em seu livro, Marx assinalou: "os donos do capital estimularão a classe trabalhadora para que comprem mais e mais bens de consumo, casas, tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que a dívida se torne insuportável. O débito não pago da dívida levará os bancos à falência, porque terão que ser nacionalizados e o Estado dirigir a economia".

A ideia central de Marx estava na crença da derrocada da sociedade capitalista, que seria seguida por uma vitória do comunismo, libertando a classe trabalhadora da exploração por parte do empresariado.

Para escrever o primeiro volume de sua obra, Marx levou mais de 15 anos e concentrou suas pesquisas na biblioteca do Museu Britânico, de Londres. Os dois outros volumes foram finalizados após a morte de Marx, por seu amigo Friedrich Engels, com base em fragmentos, bilhetes e anotações, deixados por Marx.

Marx morreu aos 64 anos de pleurisia em Londres, em 14 de março de 1883. Enquanto sua tumba original possuía apenas uma pedra qualquer, o Partido Comunista da Grã-Bretanha ergueu uma enorme lápide, incluindo o busto de Marx, em 1954. Na grande sepultura, vê-se gravada a última frase do Manifesto Comunista (“Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos”).

VÍDEO RELACIONADO

Nascido na Prússia em 5 de maio de 1818, Karl Marx começou a explorar as teorias sociopolíticas na universidade junto aos Jovens Hegelianos. Ele se tornou um jornalista e seus escritos socialistas o fizeram ser expulso da Alemanha e da França. Em 1848, ele publicou o "Manifesto Comunista", com Friedrich Engels, e foi exilado em Londres, onde ele escreveu o primeiro volume de "O Capital" e viveu o resto de sua vida.

Karl Heinrich Marx era uma dos nove filhos de Heinrich e Henrietta Marx, em Tréveris, na Prússia (atualmente, região da Alemanha). Seu pai era um advogado de sucesso que admirava Kant e Voltaire, além de ser um ativista fervoroso da reforma prussiana. Embora ambos os pais fossem judeus com ancestrais rabínicos, o pai de Karl se converteu ao Cristianismo em 1816, aos 35 anos. Porém, este foi mais um ato de condescendência profissional em consequência de uma lei de 1815 que bania os judeus da alta sociedade. Por esse motivo, Karl foi batizado como luterano, que era a crença predominante em Tréveris.

Marx era um aluno mediano. Ele foi educado em casa até os 12 anos e passou cinco anos, entre 1830 a 1835, na Jesuit High School, em Tréveris – na época, chamada Friedrich-Wilhelm Gymnasium. O diretor da escola, um amigo do pai de Marx, era um liberal e um kantiano respeitado na Renânia, porém suspeito pelas autoridades. A escola, que sofria vigilância constante, foi invadida em 1832.

Em outubro de 1835, Marx entrou para a Universidade de Bonn, que possuía um clima de agitação e rebeldia. No ano em que esteve lá, Karl foi preso por embriaguez e perturbar a paz, acumulou dívidas e participou de um duelo. Ao final do ano, seu pai insistiu que ele se matriculasse na Universidade de Berlim, que tinha reputação de ser mais séria.

Em Berlim, ele estudou direito e filosofia e foi introduzido à filosofia de G.W.F. Hegel, que havia sido professor na universidade até sua morte, em 1831. Inicialmente, Marx não se interessou muito pelas ideias de Hegel, mas logo se envolveu com os Jovens Hegelianos, um grupo radical de estudantes, incluindo Bruno Bauer e Ludwig Feuerbach, que criticava as instituições políticas da época.

Em 1836, enquanto se tornava mais fervoroso politicamente, Marx ficou noivo em segredo de Jenny von Westphalen, uma mulher muito desejada de um família respeitada de Tréveris, que era quatro anos mais velha que ele. Isso, junto com seu radicalismo cada vez maior, causou a fúria de seu pai, que mostrava preocupações quanto à sua falta de responsabilidade em relação ao casamento, principalmente com uma mulher da alta classe.

Marx recebeu seu doutorado pela Universidade de Jena em 1841, mas suas ideias políticas radicais o impediram de obter uma vaga como professor. Ele começou a trabalhar como jornalista e, em 1842, tornou-se o editor da Rheinische Zeitung, um jornal liberal em Colônia. Um ano depois, o governo ordenou o seu fechamento, que aconteceu em 1º de abril de 1843 – Marx havia se demitido em 18 de março. Três meses depois, ele finalmente se casou com Jenny von Westphallen, e, em outubro, os dois se mudaram para Paris.

Paris era o centro político da Europa em 1843. Lá, ao lado de Arnold Ruge, Marx criou o jornal Deutsch-Französische Jahrbücher (Anais Franco-germânicos). Apenas uma edição foi publicada antes de as diferenças filosóficas entres Marx e Ruge causarem o seu fim. Mas em agosto de 1844, Marx trouxe o jornal de volta com Friederich Engels, que se tornaria seu colaborador e amigo de toda a vida. Juntos, eles começaram a escrever uma crítica à filosofia de Bruno Bauer, um jovem hegeliano e ex-amigo de Marx. O resultado de sua primeira colaboração, “A Sagrada Família”, foi publicado em 1845. No final desse ano, Marx se mudou para a Bélgica após ser expulso da França por escrever para outro jornal radical, o Vorwärts!, que tinha laços estreitos com uma organização que, posteriormente, viraria a Liga Comunista.

Em Bruxelas, Marx foi introduzido ao socialismo por Moses Hess e rompeu definitivamente com a filosofia dos Jovens Hegelianos. Lá, ele escreveu “A Ideologia Alemã”, no qual desenvolve seus primeiros conceitos sobre o materialismo histórico. No entanto, Marx não conseguiu achar um editor disposto a publicar o livro, e “A Ideologia Alemã’ – junto com “Tese sobre Feuerbach” – só foi impresso após sua morte.

No início de 1846, Marx fundou o Comitê de Correspondência Comunista em uma tentativa de unir os socialistas de toda a Europa. Inspirados por suas ideias, socialistas na Inglaterra realizaram uma conferência e formaram a Liga Comunista. Em 1847, em um encontro na central do Comitê, em Londres, a organização pediu que Marx e Engels escrevessem o “Manifesto do Partido Comunista”. Este foi publicado em 1848, e, no ano seguinte, Marx foi expulso da Bélgica. Ele se transferiu para a França, mas também foi deportado de lá. A Prússia se recusou a naturalizá-lo novamente, e então ele se mudou para Londres, onde permaneceu até sua morte, mesmo a Grã-Bretanha tendo recusado lhe conceder a cidadania.

Em Londres, Marx ajudou a fundar a Sociedade Educacional dos Trabalhadores Alemães, assim como uma nova sede para a Liga Comunista. Ele continuou a trabalhar como jornalista, incluindo um período de dez anos como correspondente do New York Daily Tribune, de 1852 a 1862, mas ele nunca ganhou um salário suficiente para viver, recebendo sempre o suporte de Engels.

VÍDEO RELACIONADO

Marx focou cada vez mais no capitalismo e na teoria econômica. Em 1867, publicou o primeiro volume de “O Capital”. Ele passou o resto de sua vida escrevendo e revisando manuscritos de volumes adicionais, os quais acabaram não inseridos na obra. Os dois volumes restantes foram reunidos e publicados postumamente por Engels.

Marx morreu de pleurisia em Londres, em 14 de março de 1883. Enquanto sua tumba original possuía apenas uma pedra qualquer, o Partido Comunista da Grã-Bretanha ergueu uma enorme lápide, incluindo o busto de Marx, em 1954. Na grande sepultura, vê-se gravada a última frase do Manifesto Comunista (“Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos”), assim como uma citação de “Tese sobre Feuerbach”.

Imagem: [Domínio público], via Wikimedia Commons