É fundada a Aliança Nacional Libertadora (ANL)
12 de Março de 1935
Em 12 de março de 1935, foi fundada no Rio de Janeiro a Aliança Nacional Libertadora (ANL). A organização, que reunia representantes de diferentes correntes políticas de esquerda descontentes com Getúlio Vargas, tinha como objetivo a luta contra o fascismo e o imperialismo. Entre os pontos principais do programa da ANL estavam a suspensão do pagamento da dívida externa do país, a nacionalização das empresas estrangeiras, a reforma agrária, a garantia de amplas liberdades democráticas e a constituição de um governo popular.
No início da década de 1930, diversas frentes populares surgiram ao redor do mundo para combater o avanço do nazifascismo. Também no Brasil, em reação ao crescimento da Ação Integralista Brasileira (AIB), formaram-se pequenas frentes antifascistas que reuniam comunistas, socialistas e antigos "tenentes" insatisfeitos com a aproximação entre o governo de Getúlio Vargas e os grupos oligárquicos afastados do poder em 1930.
No segundo semestre de 1934, um pequeno número de intelectuais e militares começou a promover reuniões no Rio de Janeiro com o objetivo de criar "um amplo movimento popular nascido da necessidade dos brasileiros de emancipar-se economicamente do jugo estrangeiro". Dessas reuniões surgiu a ANL, que contava com o apoio do Partido Comunista Brasileiro.
Durante a instalação pública da ANL, o então estudante de direito Carlos Lacerda propôs o nome de Luís Carlos Prestes para ser o presidente de honra da organização. Prestes, que nessa época já havia aderido ao comunismo e estava na União Soviética, desfrutava de enorme prestígio devido ao seu papel de líder da Coluna Prestes, que na década anterior havia tentado derrubar o governo federal pelas armas.
À medida que a ANL crescia, aumentava a tensão política no país, com frequentes conflitos de rua entre comunistas e integralistas. No dia 5 de julho, a ANL promoveu manifestações públicas para comemorar o aniversário dos levantes tenentistas de 1922 e 1924. Nessa ocasião, contra a vontade de muitos dirigentes aliancistas, foi lido um manifesto de Prestes propondo a derrubada do governo e exigindo "todo o poder à ANL". Vargas aproveitou a grande repercussão do manifesto para, com base na Lei de Segurança Nacional, ordenar o fechamento da organização, em 11 de julho de 1935. A ANL continuou a atuar na clandestinidade até a eclosão da Revolta Comunista, no mês de novembro do mesmo ano.
Na ilegalidade, a ANL não podia mais realizar grandes manifestações públicas. Ganharam então força em seu interior os membros do Partido Comunista e os "tenentes" dispostos a deflagrar um levante armado para depor o governo. Em novembro de 1935 estourou em Natal (RN) um levante militar em nome da ANL. Em seguida ao movimento em Natal, foram deflagrados levantes em Recife e no Rio de Janeiro. O movimento também ficou conhecido como "Intentona Comunista".
O governo federal não teve dificuldade para dominar a situação, iniciando logo a seguir intensa repressão contra os mais variados grupos de oposição atuantes no país, vinculados ou não ao levante. A ANL, alvo principal dessa onda repressiva, foi inteiramente desarticulada.
A revolta acabou fornecendo um forte pretexto para o endurecimento do regime de Vargas. Esse processo culminou com o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, que fechou o Congresso, cancelou eleições e manteve Vargas no poder. Instituiu-se assim uma ditadura no país, o chamado Estado Novo, que se estendeu até 1945.
Imagem: Domínio Público